Tuesday, September 18, 2007

 

Nota negativa



No regresso às aulas começo por dar nota negativa, não aos alunos cujos actos poderiam ser compreendidos à luz de uma formação e maturidade ainda em desenvolvimento, mas a alguns “representantes”, aos políticos que nos representam como nação e ao papa que representa uma grande parte da humanidade, que, supostamente, já deveriam ter valores bem definidos e personalidades bem formadas e humanas, dignificando as suas posições de líderes com atitudes dignas de serem louvadas e seguidas. Não foi o que aconteceu nos últimos dias, na minha óptica, obviamente.

Não posso deixar de manifestar esta tristeza com a recusa do presidente da república e do primeiro ministro em receberem o Dalai Lama, um homem que luta pela paz e pelos direitos humanos e que apregoa os mais elevados valores morais. Como se pode ser contra uma postura destas? E o que é que isto revela dos nossos políticos?

Nota de reprovação também para o papa Bento XVI que em vez de evoluir opta por regredir. Não me incomoda particularmente porque não sou católica, mas indigna-me a falta de respeito e de consideração para com os fiéis dessa religião. Voltar a dar missa em Latim é o mesmo que dizer que não é para ser entendida, é isso que se pretende? De que adianta? O objectivo é manter a fé cega sem compreensão, sem envolvimento? Que tipo de fé é essa? O objectivo não deveria ser atrair mais gente para os ensinamentos cristãos? Isso implicaria adaptar-se à actualidade e a uma linguagem que as pessoas pudessem compreender para depois aderir. Ah, mas não, claro que não, isso não faria qualquer sentido, faz sentido é usar o latim, que toda a gente compreende… O afastamento vai ser cada vez maior.

E de costas para o público? Inacreditável. Eles que tanto apregoam os ensinamentos de Cristo conseguem imaginar Jesus a falar de costas para os seus ouvintes? Ou será que o faria de frente, com honestidade, com simplicidade, com empatia? Há muito que sinto que a Igreja Católica (de que até já fiz parte) precisa de sérias reformas, mas não imaginava que essas mudanças fossem trazidas pelo próprio papa em forma de regresso ao passado que só podem, de tão desactualizadas, desajustadas e desrespeitadoras, levar a reacções que as contestem e que obriguem a uma consciencialização do que é viver na prática aquilo que se apregoa.

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