Wednesday, August 18, 2010

 

Adjectivamente falando


Ouvi um destes dias uma entrevista de Alice Vieira em que ela advogava a morte ao adjectivo. Cortem nos adjectivos, diz ela, para evitar a subjectividade… “Tenham muito medo dos adjectivos! Sejam muito mais concretos, muito mais substantivos”.

Não é o texto o lugar da manifestação do seu autor? Não é a manifestação do autor, por natureza, algo pessoal e intransmissível (ou talvez até transmissível, mas é das entranhas dele que nos fala)? E sendo pessoal não é inevitavelmente subjectivo? E sendo subjectivo não terá o direito e o dever de usar (e se quiser até de abusar) do adjectivo que transmite a sua visão?...

Talvez faltasse dizer uma coisa muito importante nesse discurso, identificar o tipo de texto a que se refere. Ela falava de contar histórias, mas contar que histórias, porquê e a quem? Se estivermos a falar de um contexto jornalístico (ou outro de natureza semelhante), aí estou plenamente de acordo, o autor deve tentar ser o mais objectivo e imparcial possível, porque não é a sua visão que interessa ao receptor mas os factos concretos. Agora se o objectivo é dar a visão do sujeito, mostrar a forma como vê as pessoas, a vida e o mundo, revelar o que pensa e sente, as lentes pelas quais vê a realidade, se é esse o caso, como fugir aos adjectivos?

Monday, August 09, 2010

 

Espana dor


Diz Ondjaki:
“(…) certa tarde, envolto em tristezas, quis recusar o cinzento. não munido de nenhum artefacto alegre, inventei um espanador de tristezas. era de difícil manejo – mas funcionava.”


Apeteceu-me responder-lhe que recusar o cinzento é recusar a vida. Que afugentá-lo com um artefacto alegre é enganarmo-nos a nós mesmos. Que um espanador pode espantá-lo, esvoaçá-lo, mudar-lhe o lugar, mas não o cura, não o resolve, apenas o retira do nosso campo de visão. E assim rejeitado, deslocado, acumular-se-á num sítio mais escondido onde não poderemos deixar de o encontrar mais tarde, de cor já preta e de tal peso que não há espanador que se aguente.

Wednesday, August 04, 2010

 

O desafio dos estereótipos



Um destes dias, esperando para entrar numa rotunda das Caldas da Rainha, vejo aproximar-se uma moto 4. Aguardo a minha vez e dou autorização, quase sem perceber, a que se manifeste a minha tendência humana de às vezes também fazer antecipações a julgar pelas aparências. E perante a visão de um destes meios de transporte preparei-me para ver surgir uma pessoa jovem e aventureira a saborear um dos prazeres da vida. E até podia ser, e seria com certeza, aventureira e adepta de saborear os prazeres da vida, e até podia ser, e seria com certeza, jovem de espírito, mas não de corpo. Fiquei surpreendida, muito agradavelmente, ao ver surgir uma senhora que aparentava uns oitenta anos! Wow! Gostei! Ganda mulher!

Mas não terminou aqui a minha surpresa e nem foi ainda que desfiz o meu sorriso. É que esta senhora não trazia como apetrecho de viagem a usual mochila que se costuma ver, nada disso. Atrás, bem empertigada e airosa, estava montada a cestinha de verga rectangular, como a que a minha avó costumava usar.
Não se façam confusões, modernices sim mas há coisas em que se é fiel.

Moral da história: as iludências aparudem
Para não nos aparudarmos, ou emparedarmos, ou aparvalharmos, é melhor não nos deixarmos levar por iludências, ou virulências etiquetatórias ou outras indecências igualmente provocatórias.

(O título deste texto também podia ser: past meets present, they merge and live happily, I don’t know if ever after but at least for now.)

Sunday, August 01, 2010

 

GREATEST LOVE OF ALL

I believe that children are our future
Teach them well and let them lead the way
Show them all the beauty they possess inside
Give them a sense of pride to make it easier
Let the children's laughter remind us how we used to be

Everybody's searching for a hero
People need someone to look up to
I never found anyone who fulfilled my need
A lonely place to be and so I learned to depend on me

I decided long ago never to walk in anyone's shadow
If I fail, if I succeed at least I'll live as I believe
No matter what they take from me, they can't take away my dignity
Because the greatest love of all is happening to me
I found the greatest love of all inside of me
The greatest love of all is easy to achieve

Learning to love yourself, it is the greatest love of all

I believe that children are our future
Teach them well and let them lead the way
Show them all the beauty they possess inside
Give them a sense of pride to make it easier
Let the children's laughter remind us of how we used to be

I decided long ago never to walk in anyone's shadow
If I fail, if I succeed at least I'll live as I believe
No matter what they take from me, they can't take away my dignity
Because the greatest love of all is happening to me
I found the greatest love of all inside of me
The greatest love of all is easy to achieve

Learning to love yourself, it is the greatest love of all

And if by chance that special place that you've been dreaming of
Leads you to a lonely place, find your strength in love


written by Michael Masser and Linda Creed
performed by Whitney Houston


This page is powered by Blogger. Isn't yours?