Monday, August 09, 2010

 

Espana dor


Diz Ondjaki:
“(…) certa tarde, envolto em tristezas, quis recusar o cinzento. não munido de nenhum artefacto alegre, inventei um espanador de tristezas. era de difícil manejo – mas funcionava.”


Apeteceu-me responder-lhe que recusar o cinzento é recusar a vida. Que afugentá-lo com um artefacto alegre é enganarmo-nos a nós mesmos. Que um espanador pode espantá-lo, esvoaçá-lo, mudar-lhe o lugar, mas não o cura, não o resolve, apenas o retira do nosso campo de visão. E assim rejeitado, deslocado, acumular-se-á num sítio mais escondido onde não poderemos deixar de o encontrar mais tarde, de cor já preta e de tal peso que não há espanador que se aguente.

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