Sunday, February 25, 2007

 

2 a 2: Pausas...


(Fotografia Olga Correia)

Friday, February 09, 2007

 

Espelhos precisam-se



Gosto de fazer uma pausa num café, de vez em quando. Um sumo de laranja natural, um chá… um texto para ler ou escrever…

E às vezes, do burburinho de fundo acolhedor, sobressai uma conversa mais aguda, que agride os tímpanos e não só.

Tentei desligar, mas estavam mesmo ao meu lado. Uma jovem, outra de mais idade.

- …
- Então e não é que ela fez… e disse… (com a voz de falsete a imitar) ...
- E eu também disse-lhe logo… sim, porque eu não lhas perdoo! Eu sou assim!
- Agora anda a fazer limpezas, como as outras! Para que é que aquela mulher foi ao estrangeiro? Não é? Não achas? Queria ser senhora!
- E os pais dizem que ela trabalha num banco!
- E aquela do marido…
- Eu até sou amiga dela… (imagine-se se não fosse!)
- Da … é que eu não gosto, parece um pãozinho sem sal. E da … também não, anda sempre a dizer mal dos outros.
- …

Comentários para quê? Espelhos, isso é que era.
Porque estas santas senhoras continuaram num chorrilho infinito e um repertório bem recheado de fofoca e maledicência. Mas, espanto dos espantos, até nem gostam de quem faz o mesmo…

Será falta de outros assuntos? Por isso recorrem à vida dos outros? Mas porque não falam da sua própria? E mesmo que falem da dos outros, por que não dizem coisas boas e edificantes? Que gozo sádico dará andar sempre a apontar os agreiros nos olhos dos outros? Talvez para não se reparar na trave que está nos seus…

E que os exemplos dos outros, mesmo que maus, nos sirvam de aprendizagem.
Sempre que surgir o impulso de apontar o dedo a alguém, aproveitemos a energia para analisar primeiro se não estaremos nós a errar muito mais.

E a propósito de fofoca e maledicência, cito um texto (que recebi por e-mail e de que não conheço o autor) que me parece muito instrutivo.


FILTRO TRIPLO

Na Grécia Antiga, Sócrates detinha uma alta reputação e era muito estimado pelo seu elevado conhecimento. Um dia, um conhecido do grande filósofo aproximou-se dele e disse:
"Sócrates, sabes o que eu acabei de ouvir acerca de um amigo teu?"
"Espera um minuto", respondeu Sócrates, "Antes que me digas alguma coisa, gostaria de te fazer um teste. Chama-se o "Teste do Filtro Triplo.""
"Filtro Triplo?"
"Sim", continuou Sócrates, "Antes que me fales do meu amigo talvez fosse uma boa ideia parar um momento e filtrar aquilo que vais dizer. Por isso é que eu lhe chamei o Filtro Triplo." E continuou: "O primeiro filtro é VERDADE. Tens a certeza absoluta de que aquilo que me vais dizer é perfeitamente verdadeiro?"
"Não," disse o homem "o que acontece é que eu ouvi dizer que..."
"Então," diz Sócrates," não sabes se é verdade. Passemos ao segundo filtro, que é BONDADE. O que me vais dizer sobre o meu amigo é bom?"
"Não, muito pelo contrário..."
"Então," continuou Sócrates "Queres dizer-me algo mau sobre ele e ainda por cima nem sabes se é ou não verdadeiro. Mas, bem, pode ser que ainda passes o terceiro filtro. O último filtro é UTILIDADE. O que me vais dizer sobre o meu amigo será útil para mim?"
"Não, acho que não..."
"Bem," concluiu Sócrates, se o que me dirás não é nem bom, nem útil e muito menos sabes se é verdadeiro, para quê dizeres-me?"


(Imagem1: Lucile Montague, Mirror Image
Imagem2: Dynamic Graphics, Neighbors Gossiping)

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