Wednesday, March 30, 2016
Para grandes males pequenos remédios
Ultimamente tenho ficado impressionada com a atitude dos
portugueses nos supermercados, de saquinhos debaixo do braço, previstos,
organizados… É lindo. Cada um com o seu, diferentes cores, tamanhos,
proveniências…
Mas teria ficado muito mais impressionada se tivesse visto
este cenário antes de ter de se pagar
dez cêntimos pelo saquinho.
Antes era muito raro ver alguém a levar o saco para trazer
as compras, e quem o fazia tentava ser discreto, quase envergonhado com o que
estava a fazer. Agora raro é não o fazer.
Antes era muito raro ouvir alguém dizer que dispensava mais
sacos, quase todos se compraziam com as ondas, quase tsunamis, de sacos com que
se saía das caixas registadoras. Agora nada disso.
Cheguei a ouvir pessoas a reclamar, a empatar nas caixas, a
chamar gerentes e a fincar o pé que não pago e não pago e têm de me dar os
sacos, e até cheguei a ouvir ameaças de polícia e muitos xingamentos ao governo,
e à crise e à vida.
Mas a verdade é que assim, e só assim, se mudaram
mentalidades e comportamentos… bem, talvez só os comportamentos, e talvez não
pelos motivos mais louváveis, mas houve mudança.
E o que anos de campanhas de sensibilização não conseguiram
fazer, uma imposição legal e uma moedinha de dez cêntimos puseram em prática
imediata.
Qual consciência cívica, qual preocupação ecológica… a
questão é económica. Terapia de choque. Infalível.
E daqui se conclui também que a sabedoria popular que diz
que há proporcionalidade entre o tamanho do mal e o do remédio necessário,
neste caso não se aplica. Não foi preciso um grande remédio para este grande
mal, bastou um pequeno remédio… mas de gigantes efeitos.