Wednesday, August 30, 2006

 

Como ensinar a pescar quem só quer receber o peixe?




Sempre fui, e continuo a ser, adepta de que a melhor forma de ajudar alguém é ensinar a pescar em vez de dar o peixe. O peixe dado de forma ocasional sacia pontualmente, não garante o alimento para o resto da vida. O ideal é ajudar as pessoas a serem independentes, a desenvencilharem-se sozinhas, a saberem procurar, encontrar e desenvolver os seus próprios recursos.

Mas no meio desta teoria idealista e romântica (eu reconheço) há um pequeno grande pormenor que às vezes (talvez infelizmente muitas) faz emperrar o processo: nós partimos do princípio de que as pessoas querem ser ajudadas, de que querem ser auto-suficientes , mas… e se não quiserem?

Conheci recentemente uma moça que esteve a fazer um estágio em África. Uma das atribuições da equipa de que fazia parte era ensinar os autóctones a fazer criação de animais e a transformá-los num meio de subsistência. Deram um conjunto de galinhas a cada família, explicaram muito bem, com todo o empenho e cuidado, como cuidar delas e como usar os ovos para alimentação e também para reprodução.

Quando voltaram, pouco tempo depois, para ver como estava a decorrer a experiência, não encontraram ovos, nem pintos, nem galinhas. Tinham sido transformadas no alimento do dia em vez de tratadas para serem o alimento de todos os dias.

Esta moça foi cheia de entusiasmo e de ideias para mudar o mundo, e voltou… digamos que com as suas teorias um pouco abaladas…


(Imagem: Ralph Lee Hopkins, Fisherman with Catch on Beach, Seychelles)

Comments:
É uma das lições mais importantes que a vida me ensinou: não vale a pena tentar ajudar quem não quer ser ajudado (aliás, há tempos escrevi sobre isto no Sorrisos).
 
Eu ainda não aprendi essa lição. Embora as evidências tenham sido muitas, ainda tenho esperança...
 
Mas, diz-me, que eu nao entendi!

Achas que só porque eram africanos nao sabiam tratar de galinhas?

Ou a fome seria tanta que optaram por conseguir sobreviver até ao proximo dia?

rosario
 
Rosário: Não me parece que o problema fosse a fome ser tanta, parece que as equipas de apoio se encarregavam de tratar disso. E não era só por serem africanos, infelizmente é uma atitude muito comum independentemente da raça. O problema era de atitude, é que eles não sabiam e pelos vistos também não queriam saber.
:)
 
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