Saturday, August 26, 2006

 

Manifesto Anti-Medo



Esta semana a RTP2 passou em repetição um programa da "Revolta dos Pastéis de Nata" que tinha como temática o medo. É bom, vez por outra, lembrarmo-nos da existência deste tirano.

Pois o medo é uma coisa terrível que em nada nos ajuda, que nos tolhe, que nos aprisiona e nos impede não só de darmos o melhor de nós como de conseguirmos apreender e usufruir das coisas boas que a vida tem para nos dar.

Estou convencida de que o medo é o nosso pior inimigo. Há muitos tipos de medo e muitas formas de se manifestar, desde as maiores atrocidades, cometidas muitas vezes hipocritamente em nome de valores nobres, às mais pequenas do dia-a-dia que nos impedem de sermos felizes, e que são, talvez, igualmente atrozes.

Não vou enumerar os muitos medos que cada um de nós pode ter, bem escondidos lá no fundo, a corroer o que temos de melhor. Cabe a cada um identificar os seus monstrinhos, trazê-los para a consciência e fazer-lhes frente. Só assim nos podemos libertar. Sim, porque para viver a vida em totalidade, em plenitude, não se pode estar à espera de não ter medo, pelo contrário, deve-se ter a coragem de avançar apesar do medo. E isso não é coisa fácil. Exige muito de nós, mas vale a pena, como quase tudo o que é importante na vida.

Eu tenho andado a fazer esta caminhada, entre outras. Tenho andado em luta com os meus medos. É verdade que sou muito forte em muitos aspectos, mas também não me safo de uma boa dose de monstrinhos atormentadores, quase todos carregados na sacola desde há muitos anos, alguns mais escondidos e menos óbvios, outros a olhar-me mesmo ali de frente. Alguns já consegui vencer, outros ainda precisam de mais umas pancadas. Na verdade, acho que a batalha nunca está definitivamente ganha, é um processo que dura a vida toda, vão-se uns, vêm outros, e o desafio é ir tentando enfrentá-los a todos de modo a que não nos impeçam de sermos quem somos, ou quem poderíamos ser.

Termino com um excerto traduzido de um música de Chris Tomlin, “A Forma como fui Criado”, na esperança de que todos nós consigamos a força necessária para dizer não ao medo.

Eu quero viver como se não houvesse amanhã
Quero dançar como se não houvesse ninguém por perto
Quero cantar como se ninguém me estivesse a ouvir

Quero dar como se tivesse muito
Quero amar como se não tivesse medo
Quero ser o homem que era suposto ser
Quero ser da forma como fui Criado.


(Imagem: Diana Ong, Forms of Fear)

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