Friday, August 18, 2006

 

O poder da aceitação ou o grilhão da expectativa




Recentemente veio ter comigo o Cavaleiro da Armadura Enferrujada, de Robert Fisher. Uma das ideias aqui transmitidas fez-me voltar a pensar sobre a forma como reagimos ao que nos acontece (antes e depois de acontecer). Diz-se a dada altura:

“Quando aprenderes a aceitar em vez de imaginar, terás menos decepções.”

“Os animais aceitam e os humanos criam expectativas. Nunca ouvirás um coelho dizer: «Espero que hoje de manhã esteja sol para eu poder ir até ao lago brincar.» Se não estiver sol, isso não estragará todo o dia ao coelho. Ele é feliz só por ser um coelho.”

Um dia de cada vez. E sem expectativas. É a melhor maneira de viver, dizem os espiritualistas. E até que ponto conseguimos nós fazer isto? É muito difícil. Estamos sempre preocupados com o que passou e com o que se vai passar. Se estivermos bem atentos, verificamos que a maior parte do nosso tempo (ou pelo menos uma grande parte) se gasta nisto. E que grande erro nós estamos a cometer…
O ontem passou, o amanhã ainda não chegou e hoje é o único momento que temos para usufruir da vida em toda a sua plenitude.

Dá que pensar. Porque será que nos preocupamos tanto com o que foi e com o que será? Porque não nos conseguimos concentrar mais no que é? Talvez porque temos expectativas e medos. Expectativas que gostaríamos de ver realizadas, portanto, gostaríamos que as coisas decorressem como nós queremos e programamos, e medo de que isso não aconteça. Medo de perder o que conseguimos, medo de não ter o que queremos.

Ter e querer. Dois verbos que nos fazem mal. Quando temos e queremos estamos dependentes das nossas posses e dos nossos desejos, ficamos agarrados, temos medo de os perder. Se conseguíssemos ter uma atitude de desapego, de menos obsessão, de maior libertação, conseguiríamos relaxar, confiar nas leis do universo (ou do que lhe quisermos chamar), usufruir da vida plenamente e ser muito mais felizes. Porque será que não conseguimos fazer isto? Estamos muito materialistas, muito dependentes do ego. Quando conseguirmos libertar-nos dessa prisão e passarmos a dar mais valor ao “ser” do que a qualquer outro verbo vamos estar no caminho da evolução.

(Imagem: Eric Kamp, Ball and Chain, Open Shackle and Lock on Floor)

Comments:
Sim! Ser!

Quando ficamos conscientes que somos, vamos nos fundindo com o nosso próprio centro. Um dia ele dispara e nós dissolvemo-nos na Árvore da Vida. E um segundo da verdadeira experiência de nós, cura em profundidade vidas de desilusão e amargor.
Quando descobrimos que somos parte da grande corrente de luz, descobrimos o centro de todas as coisas e o nosso coração reproduz o som do grande sino no centro do Universo.
 
"Verdadeira experiência de nós". Gostei. Um objectivo a tentar conseguir cada vez mais...
 
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