Sunday, September 10, 2006

 

Terei ouvido bem?



Ouvi de passagem e fiquei na dúvida se teria percebido bem. Na SIC Notícias dizia-se que algum organismo (não sei se o Ministério da Educação, não ouvi essa parte) ía criar uma linha de apoio a professores vítimas de violência nas escolas, para os professores poderem desabafar sobre as situações que lhes acontecem.

Posso até estar a ver mal a questão, mas para já, assim à primeira vista, parece- -me grave. Então é assim que se resolvem os problemas das escolas? Falou-se de violência dos alunos contra os professores, é assim que se resolve? Parece-me que estamos a seguir por uma trilha com rumo complicado à vista, tanto pelo problema que surge como pela solução que se prevê.

Só a criação desta linha já diz muito. Equipara-se a situação com os professores à violência doméstica e aos maus tratos a crianças, enfim, aos que precisam de uma linha de consolo porque muito mais não se faz por eles, todos igualmente vítimas da agressividade descontrolada de terceiros.

E depois, será que resolve? O que se poderá dizer numa linha destas? “Deixe lá, furaram-lhe os pneus mas pelo menos não lhe riscaram o carro”, “Deram-lhe um pontapé mas nem sequer ficou com nada partido…”, “Chamaram-lhe #*&0-#* mas a senhora até sabe que não é…” …

Talvez não fosse má ideia criar também uma linha de apoio para os professores vítimas dos maus tratos do Ministério da Educação. Palpita-me que teriam de ser várias linhas…


(Imagem: Erin Garvey, Red Telephone Handset)

Comments:
O mais grave é que ao criarem a linha estão a admitir que o problema existe e não vai ser resolvido tão depressa!
 
Bem verdade. Infelizmente!
Estão a admitir que é preciso ir usando uns pensos e umas aspirinas até que o médico especialista na resolução do assunto acabe o curso e comece a pensar nisso...
:)
 
Ora aí está!!!
Eu já fui professora. Felizmente já não sou. Mas esses assuntos continuam a mexer muito comigo! Por norma, nem falo deles.
É a técnica da avestruz, eu sei.
 
Pois é! Foi mesmo o Ministério da Educação, mas podia ter sido o Ministério da Saúde, porque com tanta gente psicologicamente afectada e a precisar de tratamento psiquiátrico poderia ser que o Júlio de Matos tivesse como utente a Ministra da Educação.
Ainda dizem que Portugal não é um país de terceiro (ou talvez já quinto!) mundo! Deixa-me rir ahahah! Bj
 
Dulce: Tens razão, às vezes dá vontade de colocar a cabeça na areia só para não ver... Mas há alturas em que se torna demasiado evidente e torna-se impossível não reagir, até para os mais pacíficos...
:)

Fátima Vinagre: Verdade, bem podia ser o Ministério da Saúde preocupado com o estado de sanidade de quem educa as futuras gerações. É que com tanta agressão vinda de tantas frentes não é fácil manter o equilíbrio. Já há muito que ando a ouvir dizer em vários locais que a profissão de professor ía passar a ser considerada profissão de risco. Parece que assim é, cada vez mais, e a muitos níveis...
:)
 
Já tinha visto essa notícia e segundo me lembro a linha foi uma ideia dos professores. Claro que não resolve nada, mas imagino que seja uma forma de prestar algum apoio ou solidariedade. O problema é bem mais grave e a solucão passa por integrar melhor as criancas (e respectivos educadores)na sociedade. Não é facil, nem óbvio.
O crescimento nulo do país e o aumento da pobreza, tende a aumentar o número de classes baixas de onde normalmente (mas nem sempre!!)aparecem essas criancas mais problemáticas.
É um daqueles problemas que só se resolve com educacão civica, mas isso leva geracões de trabalho.
(este teclado não tem cedilha...lamento por isso as "calinadas")
 
O programa pretende ser mesmo para defender os professores das agressões do Ministério da Educação e do Governo, das alterações do ECD, dos retrocessos salariais, etc.. AF
 
Tiago Franco: Tens razão, apoio e solidariedade sempre é melhor do que nada, mas não sei até que ponto, neste caso, a palmadinha nas costas não leva a um sentimento de desalento ainda maior.
O problema é bem mais grave, sim, e a solução passa por muitas atitudes diferentes vindas de muitos sectores.
Não vale a pena voltar a falar na actuação do Ministério da Educação que em nada está a contribuir para a melhoria da situação. E também não quero apontar o dedo a ninguém como responsável pelo estado da nação (talvez até sejamos todos, em certa medida), mas a verdade é que os comportamentos agressivos já não são exclusivos das crianças oriundas de classes desfavorecidas.
Há cada vez mais crianças com comportamentos considerados socialmente incorrectos, e muitas dessas crianças usam isso como estratégia para chamar a atenção, porque em casa não há tempo ou vontade de dar o amor e a educação de que uma criança precisa para crescer saudável e equilibrada. Essa tarefa, segundo se supõe, é da escola, do professor que em 45 minutos de aula, duas vezes por semana, para além de dar os conteúdos da sua disciplina, tem de resolver em simultâneo todos os outros problemas dos seus 25 alunos, e dar-lhes a atenção e a educação que a família, seja por que motivo for, não consegue dar.
É um problema que, na minha opinião, tem pouco a ver com a economia e muito a ver com atitude. Conheço (infelizmente poucos) casos de famílias pobres em termos económicos que são extraordinariamente ricas em termos de relação com os filhos, de os amar e preparar para a vida nos seus mais variados aspectos.
Acredito que ainda haja esperança para esta geração...

AF: Não era mal pensado...
Vai ser preciso muito mais do que uma linha...
 
Ahhahah ... Gargalhadas.... subscrevo, inteiramente, essa de criar a linha para os profs vitimas de maus tratos do Ministerio de Educaçao! A começar pelos insultos constantes!

rosario

PS. Não sou prof, mas os meus filhos, tem varios profs.
 
Rosário: Pois acho que fazia realmente muita falta, imagina como seria requisitada... aposto que teria muito mais "clientes" do que esta que foi criada.
;)
 
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