Thursday, September 07, 2006

 

A verdade emprestada e a verdade sentida




Uma verdade emprestada é algo que ouvimos a outra pessoa e que adoptamos, ficando por aí. Nunca chega a ser nossa verdadeiramente. Uma verdade sentida vai mais além, é a que tendo sido vivida ou ouvida, ou intuída, ou seja lá qual for a forma como chegou até nós, interage connosco, faz tilintar os sininhos interiores, todo o ser sente e diz que é verdade.

O que é que me parece que faz a distinção essencial entre estas duas verdades? Duas coisas essencialmente. Uma delas é a atitude crítica (no bom sentido, obviamente, no sentido construtivo e edificante), é não se resignar a aceitar tudo o que nos querem impingir como verdade universal, absoluta, inquestionável. A outra distinção que me parece fundamental é a fidelidade à nossa essência, a quem nós somos verdadeiramente. Se aceitamos viver das convicções dos outros estamos a abdicar de nós, da nossa verdade, pior, estamos a trair-nos, estamos a tornar-nos cada vez mais pequenos em vez de crescer cada vez mais.

Se aquilo que me querem impor criar ressonância em mim, se eu o sentir como verdade, muito bem, têm em mim uma adepta, mas convicta e firme. Se, pelo contrário, depois de analisar e reflectir sentir que aquilo não me diz nada, tenham paciência, não contem comigo. Parece-me que é a forma mais correcta e honesta de agir, comigo e com os outros.


(Imagem: Irena Roman, Truth)

Comments:
Na minha opinião o mesmo que se passa para mentira emprestada e mentira sentida, só que neste caso é bem menos interessante, chegando inclusivamente a ser hostilizante, arrogante, deprimente e infernal, podendo até levar à desilusão ou, mais grave, ao desaire pessoal de uma vida.
Conheço algumas pessoas que se enquadram mais nesta vertente, mas graças a Deus que conheço muitas outras amigas que se revêm no teu discurso.
Eu compartilho da tua opinião acerca das verdades e, no meu caso, tenho diariamente verdades emprestadas que passam a mentiras sentidas (depois de testá-las) e verdades sentidas que em raros casos passaram a mentiras emprestadas. Mais, prezo muito a verdade seja ela qual for. Jinhos
 
Embora muita gente considere o homem meio marado,lá dizia Oscar Wild,algo do género" numa sociedade de mentira,falar verdade é um acto revolucionário".
bjs
 
Fátima Vinagre: "Verdades emprestadas que passam a mentiras sentidas", gostei dessa!

Não sei se percebi o que querias dizer no primeiro parágrafo, é capaz de faltar alguma palavra (talvez com a pressa da escrita)...


Ilhota2: Como Oscar Wild tinha razão!... Infelizmente.

Jinhos às duas!
 
De facto faltou algumas palavras no 1º parágrafo, o que eu queria dizer era:
"Na minha opinião o mesmo que se passa para mentira emprestada (com igual descrição à tua) e mentira sentida, só que neste caso, no da mentira sentida, é bem menos interessante do que a verdade sentida, uma vez que poderá tornar-se hostilizante, arrogante, deprimente e infernal, podendo até levar à desilusão ou, mais grave, ao desaire pessoal de uma vida.".

Bem! Faltou algumas palavras, mas penso que deu para compreender. Beijocas
 
A mentira sentida é sem dúvida menos interessante, mas igualmente verdadeira, e isso é que é importante. Isto é, o que importa é o que para nós é sentido como a nossa verdade, e a nossa verdade pode implicar saber que algo é mentira... Não sei se me expliquei bem...
Jinho
 
explicaste bem, eu é que faço a distinção. Bj
 
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