Friday, October 27, 2006

 

Há dias e dias


Há dias em que estamos bem e outros em que estamos menos bem. Parece-me que é um facto inegável. Pelo menos comigo é o que se passa. Dizer o contrário, na minha perspectiva, é não conhecer ou aceitar a natureza humana. E humano também é, embora nos esforcemos para que não aconteça, não nos conseguirmos libertar a 100% do que nos incomoda quando se passa de um contexto para o outro. Não se consegue (eu pelo menos não consigo) compartimentar as emoções, os sentimentos, os estados de espírito: agora esta parte fica trancada a sete chaves e vou àquela gaveta buscar o sorriso número 32 para estampar no rosto durante as próximas horas. É óbvio que devemos tentar que a interferência não seja muita, mas completamente não sei se será possível.

Até aqui tudo parece mais ou menos consensual. Agora a questão que se coloca é outra: quando alguém se encontra num dia “menos-sim” (acho que a expressão “dia não” é muito forte, sou optimista, algo de positivo haverá sempre, por isso, na pior das hipóteses, dia “nim”) o que é que é suposto os outros fazerem? Compreender e apoiar, parece-me a resposta lógica. Pois, talvez lógica para mim, porque já percebi que não é a lógica colectiva. É uma pena, e diz muito da sociedade em que vivemos, de alguns membros da sociedade, pelo menos. É que se a pessoa é honesta e assume o facto, em vez de incentivo e energia positiva vai ser alvo dos ataques dos lobos, lobos esses que, segundo afirmam, deixam os seus problemas em casa (que falta de visão e de autoconhecimento, talvez no Natal fosse bom receberem espelhos de presente).

Se a pessoa em vez de assumir o seu dia menos-sim afirmasse peremptoriamente “Não senhores, o dia não me está a correr mal, este é o meu estado natural, eu sou assim e ponto final” os lobos armavam-se em cordeirinhos, enroscavam-se e passavam até a andar com mais cuidado. Mas não, se encontram um ponto “mole” (ou um dia “mole”) carregam. A mim só me ocorre uma razão: as suas próprias fragilidades não assumidas, trancadas e soldadas fortalecem-se (ilusoriamente) um bocadinho quando podem (ou acham que podem, ou tentam) atacar as fragilidades dos outros. Querem parecer fortes porque se sentem fracos (mas nem por sombras assumir tal desonra!). Se assumissem que também têm fraquezas tornavam-se automaticamente mais fortes e mais tolerantes com as fraquezas alheias.

(Depois ainda há os que se regozijam com o mal dos outros… mas esses nem merecem comentários.)

Nunca concordei com Maquiavel, mas em situações deste género dou-lhe o benefício da dúvida. É que as pessoas habituam-se ao sorriso e à boa disposição e quando isso falta, uma vez que seja, cai o Carmo e a Trindade, é o caos. Ninguém se preocupa com os possíveis motivos da falta do sorriso, apenas que está em falta. Se formos antipáticos e agressivos a maior parte do tempo, quando brindamos o mundo com um sorriso ocasional este louvar-nos-á eternamente e agradecerá de joelhos tão grande benesse.

Mundo louco, este em que vivemos. Será que afinal Maquiavel tinha razão?

(Imagem: Fotografia Olga Correia)

Comments:
É óbvio que ninguém consegue libertar-se a 100% do que a incomoda, porque 100% é a totalidade.

Quanto à questão que se segue, penso que isto não se passa com outros povos é típico do português!
Hoje em dia resta pouco espaço para as pessoas honestas. Ainda bem que fazemos parte dele!

Quanto à última questão que colocas:
"Será que afinal Maquiavel tinha razão?" Penso que sim, tinha.
Actualmente são poucos aqueles que se preocupam com os sentimentos dos outros, o que lhes interessa é subir na vida, mesmo que isso custe uma amizade, uma vida familiar, ou até mesmo a vida. Enfim! Fazemos parte de um mundo isento de valores que idolatra o dinheiro! Bj
 
Maquiavel tinha muita razão naquela frase: "Melhor ser temido do que ser amado". Concordo.

Beijo!
 
Olga,

Boa tarde,

Vou dividir em 2 partes o que me trouxe até ti.

Parte 1 -

Escreveste isto - "quando alguém se encontra num dia “menos-sim” (acho que a expressão “dia não” é muito forte, sou optimista, algo de positivo haverá sempre, por isso, na pior das hipóteses, dia “nim”) o que é que é suposto os outros fazerem? Compreender e apoiar, parece-me a resposta lógica."

Se realmente és optimista e positivista, porque não ficas centrada em ti e em paz contigo [e com os teus diabinhos] e desligas do que os outros devem fazer ou dizer?

Só assim conseguirás afastar os "vampiros energéticos" que te sugam constantemente. A ti, a mim, a todos, claro.

Não me identifico com Maquiavel.

Somos sempre nós quem atrai para a nossa vida estas situações. Para aprendermos. Para resolvermos em nós essas carências. Para evoluirmos. Escrevi um post sobre o perdão que, mais ou menos aborda estas questões.


Parte 2 -

Necessito de uma informação tua. A Fátima Vinagre disse no meu post "Sincronicidade" que talvez soubesses identificar o nome de uma aldeia que lá está numa fotografia. A leitura do post dar-te-á a explicação da minha pergunta.

Se souberes, podes dizer-me o nome da aldeia, se souberes?

Fica em paz.

Um abraço
 
Olga

Há dias assim.

O comentário anterior foi feito por mim, António Rosa, do blogue Postais da Novalis.

Apareceu indevidamente, como tendo sido feito pela "Magda Moita". Meia hora antes estive a ajudá-la a fazer alterações no blogue dela e como não mudei para o meu próprio nome, apareceu o nome dela.

Peço desculpa pelo incómdo.
 
Fátima Vinagre: Não me parece que o mundo esteja propriamente isento de valores mas que defende valores diferentes, muitos dos quais não são os mais edificantes para o ser humano e para a sociedade, como é o caso do materialismo (infelizmente entre muitos outros). Mas também acredito que cabe a cada um de nós a responsabilidade de ajudar a reverter a situação, e acredito que vamos conseguir.
:)

G.Pinheiro: Pois eu e Maquiavel não costumamos estar de acordo. Esta frase não é excepção. Eu teria de a transformar:
Melhor ser respeitado do que temido; melhor ser respeitado antes de ser amado.
:)

(Magda) António Rosa: Estou 100% de acordo contigo e costumo pôr em prática essa forma de estar. Mas sou um ser humano ainda imperfeito e em evolução e há dias de maior sensibilidade em que isso é mais difícil de conseguir. Sei que estas situações nos ajudam a evoluir, mas às vezes o desabafo também faz parte do processo… nem que seja para nos levar à consciencialização.

Quanto à aldeia, embora esteja em ponto muito pequeno, parece-me Pragança. Há outras aldeias à volta da serra, pertencentes aos concelhos de Cadaval e Alenquer, mas Pragança é a que está mais próxima das mouras encantadas ;)
:)
 
Olga,

Muito agradecido pela informação.
 
Hoje em dia,muitas vezes esquecemos de nós próprios,quem dirá dos que caminham ao nosso lado!Nos tornamos egoístas,enxergando muitas vezes o nosso próprio umbigo e deixamos de lado até nossos amigos. Mas,depois dizemos que "somos bons amigos".Não somos obrigados a nada,fazemos porque queremos.Infelizmente é assim,temos os "nossos dias" e dependendo de como está "esse dia",cuidado de quem está perto.As pessoas estão egoístas,não se preocupam com os sentimentos dos outros,porque esfriaram o próprio coração,a alma,a vida e depois se dizem "iluminadas". Melhor lembrarem-se: SÃO VAZIAS!
 
António Rosa: Sempre às ordens!
:)

Estrela Cadente: Concordo contigo em algumas coisas e discordo de outras.
"Temos os "nossos dias" e dependendo de como está "esse dia",cuidado de quem está perto."
Parece-me que ter "os nossos dias" é algo inevitável e a que temos direito, mas há duas coisas fundamentais a ter em conta: por um lado o nosso "estado" não nos dá o direito de maltratar os outros, mas por outro também não dá aos outros o direito de se aproveitarem para nos maltratar a nós. É tudo uma questão de RESPEITO.
Segunda discordância: Quem se afirma como iluminado ainda tem uma série de sombras para iluminar porque os verdadeiros iluminados não têm qualquer necessidade de o afirmar, mas daí a serem vazias vai uma distância muito grande, nem é coisa que seja possível.
:)
 
Maquiavel tinha a razão dele e cada um pensa ter a sua...

Existem matérias que a razão nunca entenderá enquanto não deixarmos emergir o sentir mais profundo da nossa alma.

Somos seres humanos e somos afectados pela frequência vibratória do meio circundante. É perfeitamente humano a situação que tu descreves.
E se alguém nunca teve um dia "menos-sim" que se manifeste. E eu responder-lhe-ei que o mundo dele não é este...

Olga, porque é que a vida te está a oferecer este momento? Só tu saberás encontrar uma resposta na luz profunda do teu ser.

Mas nunca te esqueças, não estás sozinha... eu, todos os que te respondem, a tua família, quem te é mais próximo, farão o melhor que eles sabem para te ajudar, apoiar...

Na tua força de ser deixa a tua luz vibrar, como ser humano faz o melhor que tu sabes, e no momento que a vida te entrega deposita todo o teu amor, toda a tua luz... E assim a vida acontece para todos nós...

Sempre contigo, tu sabes quem eu sou...

Um grande abraço para ti cheio de energia positiva.
 
Olá Olga,

Eh! Eh! Eh! Ai o Sr. Maquiavél... é mesmo maquiavélico... não é?

Gostei do texto embora eu ache que todos os dias são bons para aprendermos nem que seja a libertar emoções.

Hoje alguém me disse que se queremos mesmo sentir o amor incondicional temos que vivenciar a gratidão de estarmso vivos e podermos co-criar todas as situações que nos vão aparecendo... boas ou menos boas, porque, como disse antes, todas são boas se olharmos para este objectivo.

Confuso? Acho que não...

Fica bem.
 
Lumen Origine: Obrigada amigo, deixaste-me emocionada...
:)

A Mónada: Tens toda a razão, todos os dias são bons dias para aprendizagem.
:)
 
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