Friday, January 19, 2007

 

Desafio


(Especialmente dedicado à Maria A. que se encontra em fase de enfrentar alguns obstáculos…)

É natural que quando pensamos na forma como gostaríamos que a nossa vida decorresse não nos ocorra incluir qualquer dose de problemas, desafios, dificuldades ou sofrimentos. É muito mais agradável pensarmos só nos aspectos positivos, achamos que seríamos assim muito mais felizes… E talvez até fossemos, momentaneamente. A verdade é que não é por acaso que temos a noite e o dia, o sol e a lua, o amor e a dor… O mundo é feito de polaridades, a realidade completa é feita de opostos, e seria pouco provável que uma vida baseada apenas numa das suas vertentes pudesse ser completa, equilibrada e plena. Para podermos crescer, e até para sermos verdadeiramente felizes, precisamos da luz e da sombra, da alegria e da tristeza, dos dias de sol e dos dias de tempestade.

Transcrevo um texto de Osho, do Tarot da Transformação, carta 48, com o título “Desafio”, que me parece particularmente ilustrativo desta realidade:

A parábola do fazendeiro e do trigo

Miséria significa que as coisas não estão de acordo com seus desejos. E as coisas nunca estão de acordo com seus desejos, não podem estar. As coisas apenas vão seguindo sua natureza. Lao Tsu chama essa natureza de Tao. O Buda chama essa natureza de Dhamma. Mahavir definiu a religião como "a natureza das coisas". Nada pode ser perfeito. O fogo é quente e a água é fresca. Um homem sábio é aquele que relaxa em ação em relação à natureza das coisas, aquele que segue a natureza das coisas. E quando você segue a natureza das coisas, não há sombras a seu redor. Não há infelicidade. Mesmo a tristeza é luminosa nesse caso, mesmo a tristeza é bela. Não digo que não haverá tristeza: ela virá, mas não será sua inimiga. Você será capaz de ver sua graça e será capaz de ver por que está lá e por que é necessária.

Me contaram uma antiga parábola - deve ser bem antiga, porque Deus vivia na terra nessa época. Um dia um homem foi até ele, um velho fazendeiro, e disse: "Olhe, você pode ser Deus e pode ter criado o mundo, mas devo lhe dizer uma coisa: você não é um fazendeiro. Você nem sabe o básico sobre fazendas. Deus disse: "Qual o seu conselho?" O fazendeiro respondeu: Me dê um ano, me deixe fazer as coisas do meu jeito e você verá o que vai acontecer. Não haverá mais pobreza!"

Deus estava disposto a tentar e deu um ano para o fazendeiro. Naturalmente, este pediu apenas o melhor, só pensou no melhor: sem trovões, sem fortes ventanias, sem perigos para as plantações. Tudo era muito confortável, acolhedor, e ele estava muito feliz. O trigo estava crescendo muito! Quando ele queria sol, havia sol. Quando ele queria chuva, havia chuva, e tanta chuva quanto ele achasse necessário. Nesse ano tudo esteve correto, matematicamente correto.

Mas, quando foi feita a colheita, não havia grãos de trigo dentro. O fazendeiro ficou surpreso e perguntou a Deus o que havia acontecido, o que havia saído errado.

Deus disse: "Como não houve dificuldades nem conflitos, nenhum atrito, como você evitou tudo aquilo que podia ser ruim, o trigo se tornou impotente. É necessário que haja alguma dificuldade. As tempestades, os trovões, os raios, todos eles são necessários. Eles fazem com que a alma do trigo se mobilize."Se você está apenas feliz, feliz e feliz, a felicidade irá perder todo o seu sentido. Será como alguém que escreve com giz branco sobre uma parede branca. Ninguém será capaz de ler o que foi escrito. É preciso escrever em um quadro-negro para que as coisas se tornem claras. A noite é tão necessária quanto o dia. E os dias de tristeza são tão essenciais quanto os de alegria. Chamo isso de compreensão. Uma vez que você tenha entendido isso, pode relaxar: nesse relaxamento estará a entrega. Você dirá: "Seja feita a vossa vontade." Você dirá: "Faça o que achar mais correto. Se hoje forem necessárias nuvens, que venham nuvens. Não me ouça, minha compreensão é limitada. O que sei sobre a vida e seus segredos? Não me ouça! Continue agindo de acordo com a sua vontade.

"Então, lentamente, quanto mais você perceber o ritmo da vida, o ritmo da dualidade, o ritmo da polaridade, mais irá parar de pedir, de escolher.Esse é o segredo. Viva com este segredo e veja a beleza. Viva com este segredo e subitamente você será surpreendido: como é grande a bênção da vida! Quanto é despejado sobre você a cada momento!

Comments:
(ex Maria A.)

Querida Olga:
Por mais dificuldades que se tenham, quando se recebem ajudas desinteressadas e que alguém procura trazer as respostas que precisamos (e até nos dedica um post), sentimos logo uma grande força para enfrentar tudo, e o calor humano que às vezes falta, volta a aquecer-nos.

Não sei como agradecer-te. Para além da dedicatória, encontraste as palavras certas e escolheste uma parábola excelente. (Também gosto muito do Osho).

Espero que este post seja útil a muitas outras pessoas.

Estou de acordo que as dificuldades e problemas existem para serem superados, e que, quando isso acontece, saímos reforçados e crescemos.
Só são inúteis quando os julgamos insuperáveis e ficamos estáticos na auto-compaixão e no conformismo.

Apesar de saber isso (e de às vezes até o dizer a outros), com certa frequência dou por mim a desejar que as situações exteriores mudem, para que o caminho se torne mais fácil; ou ainda a desculpar-me (perante mim própria ou outros) pela lentidão dos meus passos, por não fazer tudo o que gostaria, etc.

Reconheço que nem sempre tenho a coragem necessária, ou então procuro demasiado o equilíbrio (tenho o ascendente em Balança) entre alguns dos meus objectivos essenciais e outras necessidades importantes como a harmonia familiar.
Para já continuo a procurar conciliar tudo, embora não esqueça a importância da firmeza que anteriormente me recomendaste.

E depois há aqueles outros problemas de excesso de racionalidade, de pouca serenidade,etc. Pedras no caminho, à espera de serem removidas ou contornadas.
Espero consegui-lo, mesmo devagar, mas não desanimo.

Mais uma vez, as palavras saem em catadupa, e num ápice o comentário fica extra-longo.
Parece que me estou a servir de ti e do teu espaço como psicanalista (Depois manda a conta da consulta).

Obrigada e um abraço enorme.
Aldina (deixo de ser Maria A.)
 
Eu continuo a ser a Maria C :)

Passei por aqui, parei... Um passeio muito útil*
Um abraço
Maria C
 
Procura-se um amigo/a...

Não precisa ser homem,mulher:
basta ser humano, basta ter sentimentos,
basta ter coração.

Precisa-se de um amigo/a que diga
que vale a pena viver,
não porque a vida é bela,
mas porque já se tem um amigo.

Bom final de semana!!!!
 
Hoje tinha mesmo de passar por aqui. Deixo tudo nas mãos de Deus, vou relaxar, afinal que sei eu?!

Gostei muito da parábola. Ensinamento muito profundo.

Já cá faltava eu...

Maria B
 
Aldina:
Ainda bem que te pudemos proporcionar alguma força, fico feliz.

"... desejar que as situações exteriores mudem, para que o caminho se torne mais fácil" As situações exteriores mudam apenas quando mudam as interiores, não há volta a dar. O exterior reflecte o interior, para mudar o que está fora é preciso primeiro mudar o que está dentro.

Não desanimes. Vais conseguir. Estás no bom caminho.

E quanto a isso da psicanálise, estás à-vontade, depois vemos como fica a conta :p
:)
 
Maria C:
Ainda bem que foi útil. Passeia por aqui quando quiseres.
:)

Chama Violeta:
Vale a pena viver, já tens uma amiga!
:)

Maria B:
As sincronicidades, não é?...
E tu sempre oportuna, a apareceres quando fazes falta... :p
:)
 
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