Friday, October 05, 2007

 

Prioridade à Educação. Mas que Educação?




Neste feriado nacional os discursos centraram-se no que se considera uma prioridade: a educação. Prioridade, diz o presidente da República, e eu estou de acordo, mas parece que o problema é que não se sabe como levar a bom porto esta prioridade.

Sucessivas reformas e imposições ministeriais não têm conseguido resolver um problema de longa data que não só se mantém como se tem agravado.

A filosofia subjacente à recente reforma parece-me muito positiva e respeitadora dos alunos como seres humanos em formação, com identidades, experiências de vida e características distintas, advoga o respeito pelos seus interesses e pelos seus ritmos de aprendizagem, reforça a importância do desenvolvimento de competências e da consciência cívica, realça o “saber” (conhecimentos) aliado ao “saber fazer” (competências) e ao “saber ser” (atitudes). Porém, contraria paradoxalmente esta filosofia impondo condições que tornam muito difícil a sua implementação. Entre outras, o número de alunos por turma e os exames finais são um exemplo disso. O número de alunos porque sendo idealmente 30, na perspectiva do Ministério da Educação, ou pelo menos um mínimo obrigatório de 25, dificulta o processo de apoio, orientação, ajuda e acompanhamento de cada aluno, com as suas características, dificuldades e ritmos próprios, num espaço de tempo de 45 ou 90 minutos. Se os pais considerarem as necessidades dos seus 1, 2, ou 3 filhos e multiplicarem por trinta tudo o que isso implica, verão que não é muito fácil. Os exames finais não tanto por si só como por aquilo em que transformam o processo de ensino-aprendizagem. Estes exames foram adquirindo um estatuto de quase bicho papão fazendo com que muitos professores se sintam na obrigação de se concentrarem nos resultados dos exames mais do que no desenvolvimento das competências, mais no saber do que no saber fazer e ser. Até compreendo que seja necessária alguma forma de aferição, mas esta não está a funcionar da melhor forma, leva a que muitos se apeguem ao ensino tradicional, ao método maioritariamente expositivo, a uma visão do aluno como um depositório e posterior despejatório de informações, quando o principal objectivo deveria ser o desenvolvimento da pessoa como um todo.

A educação é uma prioridade, sem dúvida, mas, na minha perspectiva, o investimento na educação não passa tanto por reformular os programas ou por melhorar as condições materiais das escolas, por fornecer portáteis aos alunos ou por aderir aos smart boards, mas muito mais por mudanças de ATITUDE. Dos pais, dos professores e dos alunos. De que adianta querermos garantir todas as condições materiais, acesso a informação, modernas tecnologias, novas escolas… mantendo práticas caducas e atitudes pré-históricas?

Enquanto os pais considerarem que a sua função na educação dos filhos é comprar-lhes os manuais e levá-los à escola, depositando-os lá para serem formados, como dizia hoje o PR, desresponsabilizando-se da sua função de primeiros e fundamentais formadores, o ensino vai continuar mal.
Enquanto os professores se preocuparem mais em formar alunos para ter sucesso nos exames do que para ter sucesso na vida, enquanto se valorizar mais a capacidade de memorização e despejanço nos testes do que a capacidade de reflectir, mais a repetição do que a liberdade, o ensino vai continuar mal.
Enquanto os alunos não souberem valorizar as oportunidades de educação como um bem essencial (que muitos gostariam de ter e não têm), enquanto não quiserem empenhar-se (porque exige trabalho e esforço) na aprendizagem (porque não se pode ensinar quem não quer ser ensinado), enquanto não acreditarem que são capazes de conseguir e que não precisam de ter como meta o “dezito” só para passar se podem fazer o seu melhor e trabalhar para o 20, o ensino vai continuar mal.

Prioridade, sim, mas como? É preciso parar para pensar. O que queremos verdadeiramente da nossa educação? Que tipo de cidadãos desejamos formar? Que tipo de valores e conhecimentos queremos transmitir? Como vamos fazer para lá chegar? Qual o papel de cada um neste processo? Se não soubermos exactamente o que queremos e que caminho percorrer para o conseguir corremos o risco de andar todos perdidos sem chegar a lado nenhum. É preciso uma reflexão séria e participada, traçar o mapa do caminho, e depois trabalhar todos em conjunto para lá chegar. Os jovens e o futuro dependem disso.

(Imagem1: Kay Lamb Shannon,
School Days
Imagem 2: Pablo Picasso, The Lesson
Imagem 3: Pam McCabe, More Than Lessons)

Comments:
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