Friday, November 28, 2008

 

E assim se promove a excelência



Às vezes sinto-me como uma criança de quatro anos perante certas coisas. Não entendo.
Passo a explicar a minha perplexidade.

A ministra da Educação diz que quer promover a excelência, o que está correctíssimo, todos os países, governos e cidadãos devem querer precisamente isso. E a Educação será tanto mais excelente quanto mais professores excelentes existirem, certo? Até aqui, tudo bem. A parte que eu não compreendo vem a seguir.

O Ministério diz que quer promover a excelência, mas cria uma lei que diz que só 5% podem ser classificados como excelentes e 20% como muito bons. Não era suposto incentivar-se a que fossem excelentes os 100%?!? O ideal de uma nação não deveria ser ter excelentes professores? TODOS excelentes, ou pelo menos os que quisessem sê-lo? Não deveria? Não é isso que a ministra diz que está a promover “o reconhecimento do mérito e a promoção da excelência”? Então como se justifica a existência de quotas que impede esse mesmo reconhecimento? Primeiro diz-se “sejam todos excelentes”, o que é obviamente o objectivo de toda a gente, ou deveria ser, e depois diz-se “Ah, e tal, desculpem lá, mas embora tenham sido excelentes não vos posso classificar como tal”. Altamente motivador. Numa escola com 100 professores a senhora ministra diz que só 5 podem ser reconhecidos como excelentes, todos os outros que forem excelentes… temos pena, fica para a próxima… ou talvez não. Isto é justo? Isto é que é promover a excelência?

É como um professor dizer aos alunos “Todos devem trabalhar para o 20, mas eu só vou dar um 20, um 19, um 18, um 17, um 16 e os restantes terão todos de 15 para baixo, independentemente de haver dez alunos a merecer 20”. Se um filho da ministra fosse aluno desse professor suspeito que ela iria ver as coisas de forma diferente.


(Imagem: Justin Bua, Rising)

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