Thursday, July 09, 2009

 

Dar ou não dar, outra questão

Apareceu-me de sopetão, de um salto, já eu estava a estacionar. Depois começou com o “vira”, “vira”, “cabe”, “cabe”. Eu sei que cabe, não era de esperar que soubesse? Mas pronto, obrigada pelo reforço. Poupou-me ao “troce” e “destroce”, também é de agradecer.

Fiquei no carro alguns minutos, tinha tempo, e precisava de anotar umas ideias que me tinham surgido pelo caminho. Passou-se. “Agora esta não sai do carro!…” começou a dizer para o colega que como ela estava ali à caça da moedinha. E à medida que se foi passando cada vez mais foi falando cada vez mais alto para ter a certeza de que eu ouvia. “Esta gaja está aqui a ocupar-me o lugar!...”. Que giro, ocupar-me, porque os lugares passaram a ter nova proprietária, e nada tem a ver com a Câmara Municipal, com a EMEL ou com a Sonae. E continuou a barafustar: “As pessoas normais quando não precisam de sair ficam atrás dos outros”, cheia de resinguice e negatividade, “Para que é que isto precisa do lugar?...”.

Eu que já estava com pouca vontade de lhe dar qualquer moedinha, tomei a resolução final. Nem pensar. Ainda me passou pela cabeça: E se me estraga o carro? Mas logo percebi a armadilha que isto era, não podia estar a dar moedas por medo do que poderia fazer quem não as recebesse. As moedas, ou o que quer que seja, não devem ser dadas por medo, ou por dever, mas por compaixão, por solidariedade, por amor, quando todo o nosso ser diz que quer dar, e aí sim, a dádiva é gratificante para os dois lados. Se for dado por medo ou obrigação vai carregado de uma energia que não beneficia quem dá nem quem recebe.

(Imagens: autor desconhecido)

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