Sunday, February 28, 2016
Crónicas do lobo mau: Quando a compreensão pode não ser a melhor opção

Depois de sair do local em que
conversámos, e a caminho de Lisboa, surgiu-me na mente a lembrança de uma
situação que me vem incomodando já há tempos. Quase a entrar em fase de
ebulição surgiu uma vozinha interna a lembrar-me: “Mas atenção!... O propósito
foi este e este!...”. Ah, ok, então está bem. E num flash apercebi-me de que o
que disse à senhora se aplicava também a mim. E percebi que vinha fazendo isto
há muito tempo. Por compreender, compreender, compreender, não me permitia
sentir a revolta que precisava de ser sentida, e quando ela assomava à janela
vinha a voz da razão fazer abortar o processo ebulitivo. Resultado: foi ficando
presa na gaveta, e eu presa à situação sem conseguir libertar-me dela. E assim
a compreensão me tem feito, neste caso, mais mal do que bem.
Solução: dar a cada fase, emoção,
sentimento… o seu espaço de manifestação. Respeitar o direito (e a necessidade)
de cada um deles de existir. Não se pode pular etapas ou sentimentos, sob pena
de se ficar preso num qualquer atoleiro de que já nem se conhece o lugar ou o
tempo. Guardar na gaveta ou debaixo do tapete, ainda que por razões
aparentemente muito positivas, pode dar resultados muito negativos.
Então, por mais que eu compreenda
o propósito da experiência, faz parte da aprendizagem passar por todas as
fases, incluindo a da revolta.
(Imagem: O grito, Munch)
Friday, February 12, 2016
Crónicas do lobo mau - Evolução
Imaginemos a seguinte situação:
A dado momento, uma pessoa apercebe-se de uma atitude de
outra(s) pessoa(s) que a incomoda, irrita e prejudica.
Respostas possíveis:
Primeira reacção, instintiva
"Grande cabra(ão)!..."
Segunda reacção, compassiva
"Todos temos os nossos defeitos, faz
parte do ser humano..."
Terceira reacção, consciente
"Em última instância, num nível
superior, a minha alma pediu-lhe para me criar esta situação para eu poder
aprender alguma coisa com esta experiência, então vamos lá ver o que é que eu
tenho de aprender..."
Podemos escolher ficar só por uma das reacções, por duas, ou
passar pelas três fases evolutivas. Se ficarmos pela primeira aproximamo-nos do
nível animal, se ficarmos pela segunda atingimos o nível humano, se chegarmos à
terceira aproximamo-nos do divino.
A primeira resposta é rancorosa, a segunda boazinha, a terceira
consciente.
Na primeira etapa a responsabilidade é atribuída ao outro,
na segunda é atribuída ao outro mas desculpabilizando-o, na terceira assume-se
a responsabilidade do próprio.
O primeiro nível é o da vítima, o segundo aproxima-se do
santo, o terceiro é mestre de si mesmo.
O primeiro reage em função das suas emoções primárias, o
segundo reage em função da compreensão que desenvolveu da natureza humana, o
terceiro reage em função da consciência que adquiriu de que há um propósito
maior para cada experiência de vida.
(Imagem: retirada da internet, sem indicação de autor)